Festas na Escola
As festas devem promover o aprendizado e não somente momentos de lazer
Os eventos festivos fazem parte do cotidiano de qualquer escola, independente da linha de ensino que a mesma trabalhe.
Diante dos vários feriados nacionais do nosso país, a
própria sociedade cobra das instituições que datas sejam valorizadas no
contexto escolar.
Nas classes de educação infantil, a prática aparece
de forma mais evidente, pois as crianças bem pequenas se interessam
pelos assuntos, além de se vestirem a caráter para fazerem
apresentações.
Porém, se levarmos ao calendário escolar todas as
datas comemorativas, o trabalho pedagógico ficará prejudicado, pois para
cada dia existe uma comemoração, criada para movimentar os meios
comerciais.
A escola precisa repensar aspectos ligados à diversidade cultural e à liberdade religiosa de todos que a frequentam.
Que significado tem comemorar uma festividade carnavalesca, ao início do ano letivo, para alunos que são evangélicos?
No dia do índio, por exemplo, enfeitam-se as
crianças, promovem atividades de pintura em figuras impressas, mas não
se discutem as questões sociais que envolvem essa raça, duramente
massacrada pelos homens brancos, sua história, sua cultura e a
importância dos mesmos na formação da raça do povo brasileiro.
A páscoa é outra data que é comemorada, mas não
acrescenta muito. Qual o valor da comemoração para alunos de famílias
judaicas, budistas, islâmicas ou espíritas?. Quem não
se encanta em ver o filho parecendo um coelhinho, cantando músicas sobre
o tema, numa idade tão pequena, como as crianças de educação infantil?
Enaltecer a data pode ser um desrespeito para aqueles que são de outros
meios culturais e religiosos.
Festas das mães e dos pais também se tornaram um
problema nas escolas. Por mais que as intenções sejam boas, de criar
momentos de confraternização entre as famílias, é preciso respeitar a
diversidade da família moderna, que não é mais constituída somente por
pai, mãe e filhos como antigamente. Hoje em dia as famílias são das mais
variadas, com pais separados, e as
crianças devem ser respeitadas pelo seu meio familiar, não podem ficar
expostas aos modelos impostos pela sociedade.
Afinal, fala-se tanto da escola inclusiva, mas a
inclusão deve acontecer em todos os sentidos e não apenas sobre os
alunos que necessitam de atendimentos especiais. Cabe a inclusão nas
datas comemorativas também, pois alunos que são de culturas diferentes
também acabam excluídos.
Depois dessas, temos ainda a famosa festa junina, que
de todas as datas, tornou-se mais acessível, ficando conhecida como a
festa do homem do campo. Seu caráter tornou-se mais folclórico, com
pratos culinários, resgate de brincadeiras, mas perdeu o lado da
religiosidade. Porém existe um sério problema sobre as mesmas: o homem
do campo é visto como uma figura engraçada, de forma desrespeitosa. A
imagem do mesmo aparece faltando dentes, com roupas rasgadas, o que não é
verdade, mas uma forma preconceituosa de tratar aqueles que cuidam das
plantações e das colheitas dos alimentos que vão às nossas mesas todos
os dias.
Com tantas outras datas comemorativas como folclore,
independência do Brasil, semana da primavera, as mesmas terminam com a
chegada do natal, mesmo fora de época.
Dessa forma, as festas devem aparecer no cotidiano
escolar, desde que promovam situações de aprendizagem, com projetos
escolares onde os alunos possam pesquisar, levantar hipóteses sobre os
temas, fazer registros das discussões feitas em sala, montar materiais
para serem expostos à comunidade escolar, enfim, tudo aquilo que possa
acrescentar-lhes novos conhecimentos.
Optar por um único tema a ser trabalhado ao longo do
ano letivo, pode proporcionar maior aprendizado, principalmente se o
tema trabalhado for apresentado em uma feira cultural, onde os próprios
alunos compartilham seus conhecimentos com a comunidade. Pensem nisso!
Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola